Mensagem da Madre: Natal de Misericórdia

Mensagem da Madre: Natal de Misericórdia

Queridas Irmãs,

 

fico muito feliz de poder encontrá-las, mesmo que seja com estes meios tecnológicos, para enviar-lhes meus votos de Natal, que estendo às jovens e aos jovens, às suas famílias, aos diversos grupos da Família Salesiana, a partir do Reitor Mor Pe. Angel Fernández Artime com seu Conselho, a todos os nossos irmãos salesianos aos quais vai um agradecimento especial pela proximidade fraterna e o serviço espiritual.

Este que estamos vivendo é o Natal do Ano Santo da Misericórdia. Não poderia haver celebração mais apropriada. De fato, o que é a Misericórdia se não a entrada de Jesus na humanidade para compartilhar a condição humana e salvar a todos os filhos de Deus?

A contemplação do Menino na manjedoura, então, torna-se contemplação deste amor transbordante do Pai que, para a salvação de suas criaturas, não hesita em sacrificar o Filho e do Filho que se oferece: «Aqui estou, Pai”, para que irmãos e irmãs possam ser inundados de misericórdia, recuperar sua condição original de criaturas que falam cara a cara com o Criador, que se sentem amados e O amam.

Podemos, realmente, afirmar que Deus é misericórdia, como afirmamos que Deus é amor. A misericórdia e o amor dirigido às criaturas frágeis, para torná-las fortes e semelhantes ao Filho; é o amor que vai além de merecimentos e desmerecimentos e se dobra ternamente sobre quem manifesta maior fragilidade.

Mas este Natal é também um Natal atravessado por muitas situações dolorosas: o Papa fala de uma terceira guerra mundial travada em pedaços e todas somos testemunhas disto. Basta abrir o jornal, ligar a televisão para nos sentirmos agredidas por notícias de sofrimento, morte, violência gratuita, desprezo pela vida e pela inocência. Não há país no mundo em que não haja algum temor pela vida, pela paz, pela convivência pacífica.

Muita gente experimenta o que viveu Jesus recém-nascido: precisar fugir da própria pátria, ser refugiados em outros lugares para escapar da perseguição e da morte. Outros devem viver escondidos e procurados só porque são cristãos, só porque rezam, possuem uma Bíblia, são fieis a seu batismo. Não é surpresa saber que os mártires do nosso tempo são mais numerosos que os dos primeiros séculos.

Em muitos lugares se combate por um pedaço de terra, por um pedaço de poder, pela soberba e a prepotência de um chefe, pela posse de um poço de petróleo e de uma riqueza no subsolo e os povos morrem de fome, de sede, de subdesenvolvimento, também quando sua terra teria recursos para fazê-los viver mais que dignamente.

Muitas crianças inocentes, jovens, mulheres são vítimas da violência. A pobreza não só persiste, mas cresce…

Perguntemo-nos, como indivíduos, como comunidades FMA e como comunidade educativa, o que significa viver o ano da Misericórdia em um contexto deste gênero.

Deus nos oferece sempre a sua misericórdia, que é amor gratuito, perdão sem condições e repensamentos, mas nós, nós seus filhos e filhas, nos damos conta disto?  Estamos conscientes de que precisamos de misericórdia porque nunca poderemos responder, com um amor semelhante ao seu, ao dom que nos faz?

Nós, seus filhos e filhas, nos esforçamos para amar com o mesmo coração grande, com a mesma capacidade de perdão?  Quem vive conosco, faz a experiência da misericórdia? Através de nós se sente tocado pelo Deus misericórdia?

Neste evento percorremos o caminho para Belém. Agora paramos diante da gruta, diante da manjedoura, na qual Deus toca o fundo da sua misericórdia, compartilhando plenamente a condição humana.

Levemos a Ele cada lágrima, cada lamento, cada grito, cada gota de sangue que sobe da terra, desta nossa terra.

As lágrimas choradas nas família machucadas pela incompreensão e pelo desamor; as lágrimas das crianças abandonadas ou feitas objeto de chantagem de um contra o outro, as lágrimas de crianças que ficaram sem casa, sem pais, usadas e abusadas…

Os lamentos dos idosos e dos doentes, aos quais se deseja que morram logo, dos pais e mães que não sabem como alimentar seus filhos…

O grito de quem vê a própria casa destruída, a própria cidade, os próprios afetos, a vida das pessoas queridas, a própria vida, pelas bombas, pelas denúncias, pelas acusações falsas e instrumentalizadas, pelo ódio de raça ou de religião.

O sangue que a terra bebe todos os dias, derramado pelo irmão que mais uma vez mata o irmão.

A Ele levamos também tantos gestos de amor, de solidariedade que brotam de tantos corações que se esforçam para fazer triunfar o bem.

Se tudo isto se tornar oferta no berço de Belém, será o Menino a enxugar as lágrimas, consolar quem geme e grita de desespero, cuidar das feridas e curá-las, reconciliar os irmãos.

E nós somos chamadas a colaborar com Ele.  A oração e a oferta são o combustível para que nossas pequenas escolhas diárias estejam em linha com a misericórdia, para que a nossa presença, o nosso serviço, a nossa fraternidade desçam como bálsamo nos corações e nas vidas de quem nos encontra, daqueles aos quais servimos, os pequenos do Evangelho, os habitantes das “periferias”, os que são vítimas da cultura do “descarte”, mas também dos que creem que não precisam de nada, porque são “poderosos”… e  têm mais necessidade disto que os outros.

É a nossa existência mesma que deve se tornar “lugar” em que se pode experimentar a misericórdia, aprender a desejá-la e acolhê-la. Somos nós que somos chamadas a tornar-nos “sinais” do Deus misericórdia.

Como filhas de Dom Bosco e de Madre Mazzarello ajudamos, especialmente os jovens, a descobrir que a misericórdia é amor preveniente: é o amor que nos alcança, nos replena, nos satisfaz, provê à nossa felicidade antes que nós possamos também apenas pensar que existe e se interessa por nós.

Neste Natal chegamos, na oração, a todos os países do mundo atormentados pela guerra, pelas calamidades naturais, por graves desastres causados pela negligência do homem; todas as pessoas distantes de suas famílias, obrigadas a emigrar, sozinhas, abandonadas; todos os irmãos, de qualquer religião que seja, que ainda não fizeram a descoberta de Deus misericórdia, porque ninguém os ajudou a encontrá-lo.

Agradeço a todo o Instituto pelas expressões de solidariedade em relação àqueles que foram atingidos por múltiplas formas de sofrimento.

Bom Natal 2015! Bom ano 2016! A vocês, a suas famílias, aos jovens, aos colaboradores, a todos os que cruzam com vocês no dia a dia. A todos, com as jovens e os jovens, levem o anúncio do Evangelho: Deus misericórdia-está-conosco!

Desejo que neste novo ano, um Ano Santo, muitas/os jovens tomem a decisão de seguir Jesus, doando a vida a serviço dos mais pobres!

Seria mesmo muito lindo se neste Natal cada irmã, cada comunidade, cada comunidade educativa se comprometesse a cumprir, pelo menos, uma das obras de misericórdia, conforme o convite do Papa Francisco, dando assim substância real para o Jubileu.

Agradeço-lhes pela oração e o afeto com que vocês nos sustentam sempre, pelo compromisso que estão fazendo, em todas as inspetorias, para traduzir em vida as decisões do Capítulo Geral XXIII, pelos votos e diversos sinais natalícios que continuam a chegar.